Os jornais e as revistas nas sociedades economicamente desenvolvidas têm a função de manter os cidadãos informados sobre os acontecimentos no lugar onde vivem, sobre a política local e nacional, no mundo, na economia e na cultura. A formação da cidadania é função da escola e da família, mas os jornais, as revistas, a televisão, a internet, dependendo da classe social, fazem parte da vida, da forma de se inteirar sobre o que acontece no mundo externo. As famílias de operários procuram menos informações que a classe média, assim como os camponeses dão menos importância para as notícias do que quem vive em uma cidade.
A alfabetização mediática aumenta o entendimento das diferenças contextuais, da capacidade crítica e de análise, adquirindo habilidades para aproveitar melhor também as facilidades interativas que a tecnologia está proporcionando na distribuição da informação. A escolha do discurso é um fator essencial para a percepção da representação da realidade possível.
A objetividade do discurso jornalístico faz com que a “voz” que se ouça se refira a “eles”, entidades distantes que detêm a informação, e o leitor comum gostaria, na verdade, de se sentir parte de um “nós” para ter a certeza de que aquelas informações dizem respeito também a ele. Uma dificuldade metafísica que revela uma capacidade de pensamento abstrato, resultado de um processo formativo intelectual não completamente desenvolvido para dar conta do modelo de participação social na sociedade da informação. Portanto a necessidade de ampliar a capacidade de leitura para o desenvolvimento das capacidades cognitivas e ampliar as possibilidades de entendimento.
A simplificação e a fragmentação do discurso jornalístico requer melhores condições de leitura. A alfabetização universal integrou os indivíduos na capacidade de decifrar os códigos para a leitura, mas não é suficiente para acompanhar o ritmo das transformações na sociedade da informação permeada pela tecnologia e interpretação dos fatos.
A inclusão não é somente digital, é ainda da capacidade real de leitura, de entender subjetividades e abstrações. O controle das informações por monopólios, como citado anteriormente, exige melhor preparação dos indivíduos para sobreviver intelectualmente, sair da passividade e da ausência de responsabilidade, desenvolvendo a consciência individual e também coletiva – como, por exemplo, saber monitorar e avaliar as informações publicadas pelos jornalistas, averiguando a autonomia e o compromisso com a realidade.
O difícil não é construir alternativas, afirma Marco Niro, mas conseguir encontrar espaço, divulgar, dar voz, sair da marginalidade, reduzir a desigualdade e o nível de exclusão. Sempre existiram pequenos espaços de autonomia, desde a praça pública até as redes sociais, que consentem um mínimo exercício crítico das instituições, dos fatos, da realidade. O saber e o exercício crítico dá prazer e deveria ser um direito. A educação à autonomia do pensamento é o desafio da comunicação que deve ser enfrentado.