Na escola estão as maiores possibilidades de desenvolver políticas públicas contra a tendência ao subdesenvolvimento. Consideramos que é papel da escola, entre outros, colaborar para aumentar o nível de consciência subjetiva. E o ensino dos meios de comunicação na escola é um instrumento didático, mas pode ser também uma estratégia de desenvolvimento. É uma forma de se situar com maior consciência nas sociedades complexas, é aprender a conhecer a si mesmo como parte de uma coletividade, é um instrumento para se impor como individualidade diante dos outros. A relação entre os meios de comunicação e a problemática educativa é, há muito tempo, objeto de estudo em todo o mundo. A ideologia e o discurso constroem e representam a realidade dos meios de comunicação ao mesmo tempo que pedem um paradigma crítico de educação.
Diante dessas necessidades aparecem questões que estimularam a pesquisa da educação aos meios de comunicação no sentido de uma “pedagogia dos meios de comunicação”, como propõe Damiano Felini, uma área da pedagogia que, em termos interpretativos e de projetos, se ocupa em estudar o campo das relações entre educador, aluno e os instrumentos e linguagens comunicacionais. O aprendizado não depende apenas do desenvolvimento cognitivo, mas sobretudo do patrimônio de conhecimentos e conceitos acumulados seja na experiência pessoal seja, de forma especial, graças às interações sociais nas quais se verificam o uso dos meios de comunicação e a recepção das mensagens.
Da polis grega à Idade Média, da Revolução Francesa aos totalitarismos, o tema da formação e do dinamismo civil é parte do debate sobre a educação e agora também sobre a informação. Na Escola de Barbiana, um movimento liderado pelo padre Don Milani na Itália, os jornais eram os instrumentos para ensinar às crianças a língua viva e real da comunicação na sociedade e introduzir os problemas de ordem sociopolítica para que os filhos dos camponeses se transformassem em cidadãos informados, conscientes e críticos sobre as decisões políticas e sociais do seu país.
Os jovens estão sempre envolvidos com a inserção nos horizontes quotidianos de integração: os amigos e a escola. Vemos os jovens usando estratégias plurais de integração, praticar identidades diferentes segundo os contextos de relação, viver em solidão e sofrimento na entrada da vida adulta, com uma exigência constante de redenção, de normalidade, principalmente em relação à condição de subalternidade dos pais. Um projeto de educação ao desenvolvimento deve considerar que as crianças estão imersas na realidade das famílias, da escola, da imprensa e também da tecnologia.
A história da educação na idade moderna nos mostra como a difusão das escolas e a criação da imprensa caminharam juntos, aumentando a consciência da necessidade de difundir a alfabetização para garantir o desenvolvimento social e econômico do Estado. A escolarização é o conhecimento e uso do código comunicativo prevalente, o alfabético, e o suporte típico, o livro, com a experiência do mundo natural e humano. A compreensão da realidade passava assim através de um longo estágio de apropriação da linguagem alfabética e das suas modalidades de conservação e transmissão, ou seja, de um código e do seu meio específico de transmissão.