Entre as experiências do setor público para educar as crianças aos meios de comunicação no Brasil destacou-se a MultiRio (Empresa Municipal de Multimeios) e a RioMídia, ambas no Rio de Janeiro. O RioMídia foi criado para ser um centro internacional de referência para educação aos meios de comunicação para crianças e adolescentes e o projeto teve origem em 2004 durante o Quarto World Summit on Media for Children, no Rio de Janeiro.
O projeto visava identificar, reunir, organizar e oferecer acesso às pesquisas, experiências, produtos e profissionais de mídia, da educação e da cultura. As informações são organizadas em vários setores: TV e vídeo, publicações, rádio, internet, cinema e jogos de computador. O RioMídia criou também serviços de consultoria para produtores e grupos responsáveis pelas políticas públicas dirigidas a crianças e adolescentes. Foi criada também a “Rede Mídia”, um banco de dados que reúne informações e contatos de produtores, pesquisadores, educadores, jovens e profissionais da indústria dos meios de comunicação. O objetivo é a formação de uma rede internacional de intercâmbio entre as pessoas e as instituições que trabalham para os meios de comunicação.
A equipe do RioMídia produzia também reportagens e entrevistas, publicava artigos e ensaios sobre a educação aos meios de comunicação, propunha encontros e congressos, promovia a produção dos jovens e crianças, organizava a agenda de eventos nacionais e internacionais sobre o tema e também fazia um clipping sobre as notícias publicadas ou transmitidas.
A produção das crianças dentro desse projeto era muito variada. Desenhos animados, sites, vídeos, uso do jornal em sala de aula e publicação de jornais de classe. Um dos exemplos foi o projeto “Aprendiz de jornalista”, da Escola Municipal Reverendo Álvaro Reis. A turma explorou a linguagem jornalística usando diversos jornais e o professor estimulava a aquisição da leitura e o desenvolvimento da escrita. Por outro lado, o professor propunha também a experiência do mundo do trabalho e das profissões que existem no jornalismo. Em um primeiro momento as crianças exploravam todas as seções do jornal por meio da leitura, debate sobre os títulos e pesquisa sobre os assuntos. Em um segundo momento elaboravam o próprio jornal de classe. A turma se dividia entre fotógrafos, redatores, repórteres, design, mostrando a importância de cada profissional para a realização do jornal.
O jornal escolar “Boca do Trombone”, da Escola Municipal Ministro Gama Filho, foi uma oficina de análise do jornal para ensinar aos estudantes a importância, a evolução, a divisão e a construção de um jornal e a sua linguagem. O professor estimula o interesse pela leitura e encoraja os alunos a exprimirem a sua opinião, refletindo sobre a realidade em que vivem. As estratégias para o desenvolvimento do trabalho são: a pesquisa na Internet, a leitura dos artigos, reportagens, textos e livros, o debate, análise da publicidade, visita aos museus, empresas e centros culturais, visitas às comunidades, análises de opiniões de políticos e de famosos, campanhas educativas e de solidariedade, criação de poesias e textos narrativos, descritivos e argumentativos. No fim era produzido o jornal em sala de aula.
Na Escola Municipal Clotilde Guimarães, também na cidade do Rio de Janeiro, foi desenvolvido, na disciplina de Geografia, o projeto “O Mundo não é tão longe”. O objetivo inicial era ampliar o diálogo entre professores e alunos, reproduzindo comportamentos, desafios e culturas da realidade escolar por meio do debate visando a criação do jornal “O Espaço”. Os temas dos artigos eram sempre sobre as questões de identidade, lugar e quotidiano. Os estudantes eram convidados a escrever diários em que contavam as suas histórias e as da escola, descreviam fatos e situações que caracterizavam as pessoas, as relações e os espaços sociais. O passo seguinte era o desenho, quando as crianças transmitiam o conteúdo dos artigos também por meio da expressão gráfica.
“O prazer de ler para transformar – Jornal Nascentes” era o nome do jornal de classe produzido pelo projeto de alfabetização aos meios de comunicação do RioMídia na Escola Municipal Antenor Nascentes. Os assuntos eram escolhidos com antecedência, como, por exemplo, a Copa do Mundo, os Jogos Panamericanos, os problemas ambientais, o uso do celular, assim em diante. Participavam do projeto alunos, professores, funcionários da escola e pessoas da comunidade. Durante o ano escolar o jornal era lido quotidianamente nas salas de aula e foram examinados diversos itens, como os títulos, os artigos de opinião, a publicidade. Os professores usavam a fotografia digital, a pesquisa na Internet, a interação entre as diversas disciplinas e os desenhos dos alunos.
A cada ano eram produzidos e expostos uma amostra desses projetos das escolas aumentando o interesse em tornar mais sistemático o uso do jornal como um recurso pedagógico.