Trabalhar com a informação desenvolve capacidade de leitura e escrita, de investigação, cálculo, pesquisa, criação, análise e síntese. A produção de publicações no ambiente escolar auxilia a aprender mais ativamente, porque devem integrar os seus conhecimentos e explicá-los com uma enorme quantidade de conteúdos. Em um projeto integral de produção de notícias são solicitados conhecimentos, habilidades, atitudes, línguas, ciências, arte, desenho, cálculo, medidas, composição de espaço e tempo, técnicas de investigação, história, política, tudo a partir de relações pessoais, como entrevistas, pesquisa, planejamento, organização e proximidade com as questões locais e nacionais, e até internacionais. Pode ser, portanto, um instrumento didático privilegiado.
Fazer, por exemplo, um jornal em sala de aula, com toda a sua complexidade, pode ser uma resposta didática para diversas disciplinas, argumentos e atividades. O trabalho comum, a relação pessoal, a pesquisa de dados, a investigação e tantos outros aspectos podem ser realizados em sala de aula através da elaboração de um jornal. Pode ser também um trabalho divertido e dinâmico, com resultados que reforcem o interesse pelo conteúdo aprendido e os processos de aprendizagem, como a investigação, a busca de informações, a estética, a composição e o desenvolvimento da plástica e da imagem. O jornal tem um processo definido de trabalho a ser realizado que inicia no planejamento, prossegue na coleta de informações, entrevistas, escolha de fotografias, o desenho gráfico da página para imaginar a estrutura, escolher os espaços e, por fim, a revisão e a avaliação do resultado. Entre as atividades essenciais ao se lidar com a informação estão os processos de conferência de dados, confirmar ou negar suposições e possibilidades, escrever e corrigir, comparar e descobrir.
É importante que os alunos aprendam a raciocinar de forma integrada, desenvolvendo estratégias mentais transversais, interdisciplinares, sentindo a necessidade de criar e investigar. Essa estratégia transversal permite aprender a ter uma percepção global, que passa pela análise e pela síntese, para chegar a um pensamento criativo e a competência expressiva, essencial para a produção da informação. Interpretar a realidade e refletir sobre o grande volume de fatos, opiniões, tendências, notícias que nos ajudam a compreender melhor a sociedade complexa na qual estamos inseridos.
O jornal é interdisciplinar e desse ponto de vista encontramos amplas possibilidades para vincular todas as áreas, os assuntos e os níveis de aprendizado. Podemos relacionar os conhecimentos, as estratégias cognitivas, a síntese e a capacidade crítica, que são atividades cognitivas, com as avaliações, as relações humanas, que correspondem ao campo do sentimento, a elaboração e manipulação de objetos, a atividade prática de produção de um jornalzinho em classe, por exemplo, trabalha também com o aspecto psicomotor do estudante.
Cada elemento é expressão de uma realidade. Pode-se plasmar, de forma interdisciplinar, muitos conteúdos e situações para que se desenvolva a capacidade crítica e responsável de lidar com a informação. A síntese criadora é o começo de um novo projeto de aprendizagem em que novos elementos são assimilados, integrados e armazenados e serão relacionados com o resto do seu processo de aprendizagem.
Tudo o que existe em um jornal, incluindo o seu processo de elaboração, a linguagem, os sistemas de investigação e manipulação dos dados, é uma verdadeira estratégia interdisciplinar como tantas outras que levam a uma forma de aprender a síntese e a visão global do problema. As atividades com a informação podem ter uma função vital no percurso escolástico e que tem sido subutilizado. A linguagem jornalística faz parte do desenvolvimento das possibilidades de comunicação humana, aprender a contar um fato, ser capaz de traduzir uma experiência observada em uma linguagem que permita ao outro compreender uma informação tem um valor social que a escola não soube ainda agregar e aproveitar.